Factores contributivos para o sucesso dos produtores independentes em energias renováveis

Foto: Mariana Proença, Unsplash.

Foto: Mariana Proença, Unsplash.

A vastidão do território angolano permite que no mesmo país se reúnam uma grande variedade de condições naturais propícias à produção de electricidade pelas novas fontes de energias renováveis, quer eólica ou solar, sendo mesmo um dos países com maior potencial energético no continente africano.

Se por um lado há oferta, a mesma vastidão territorial promove a necessidade e a procura, com extensas regiões às quais a rede nacional de transporte não chega e que beneficiariam largamente de modelos de geração distribuída alimentadas por centrais solares fotovoltaicas (individualmente ou em modelos híbridos).

Apesar disto, a implementação de projectos de energias renováveis em Angola tarda em explodir. Porquê?

No passado, Angola teve apenas tímidas experiências com as novas energias renováveis (e.g. Aldeia Solar) e apenas mais recentemente surgem projectos de utility-scale como os projectos solares da Sun Africa (370 MW) ou os projectos promovidos pelas petrolíferas ENI (25 MW) e Total (37 MW) em parceria com a Sonangol. No entanto, no primeiro exemplo o investimento é realizado pelo Governo de Angola recorrendo a linhas de crédito internacionais e no segundo caso o investimento em energias renováveis engloba-se numa estratégia corporativa mais ampla (e de contrapartidas) que permitirá às petrolíferas continuar a explorar crude e gás no país.

A isto junta-se um contexto de mercado onde o combustível ainda é fortemente subsidiado, tornando a auto-produção com geradores diesel a um preço muito competitivo e desincentivando empresas e particulares a abandonar esta tecnologia.


Figura: Análise Cluster Advisory com base em Green Mini-Grids Africa Strategy, AfDB, 2017 e IPP in Sub-saharan Africa – Lessons from Five Key Countries, World Bank Group, 2016

Figura: Análise Cluster Advisory com base em Green Mini-Grids Africa Strategy, AfDB, 2017 e IPP in Sub-saharan Africa – Lessons from Five Key Countries, World Bank Group, 2016

Mas se Angola quiser acelerar a transição energética em força como já se assiste noutros países, necessita conquistar outros investidores (com financiamento privado) e criar as condições necessárias ao surgimento de mais produtores privados independentes (“IPP” na sigla inglesa), tais como:

  • A efectiva aplicação do quadro regulatório existente e liberalização do Sistema Eléctrico Não Vinculado (SENV), facilitando os contratos bilaterais (corporate power-purchase agreements) entre produtores e grandes consumidores de energia eléctrica

  • Regime tarifário claro e transparente para acesso às redes de transporte e distribuição

  • Garantias financeiras e protecção cambial para pagamento da energia adquirida pela RNT E.P. no seu papel de Comprador Único da electricidade produzida por IPPs que forneçam às redes do Sistema Eléctrico Público (SEP)

  • Disponibilidade dos bancos angolanos para participarem nos investimentos ao concederem crédito em regime de project finance

  • Maior simplicidade no processo de licenciamento, recorrendo a aprovações céleres, como por exemplo a criação de um “guichet único” para energias renováveis



...as energias renováveis podem ser um motor de desenvolvimento para Angola...

Reunidas as condições ideais, as energias renováveis podem ser um motor de desenvolvimento para Angola ao contribuir para a electrificação nacional a baixo custo, nomeadamente para regiões isoladas, como sejam territórios agrícolas ou zonas de exploração mineira de Lunda Norte, Lunda Sul ou Moxico.

por Ricardo Trindade, Senior Director na Cluster Advisory


A Cluster Advisory é uma empresa de assessoria estratégica independente que apoiar os promotores angolanos no desenvolvimento, estruturação e financiamento de projectos de energias renováveis em conjunto com parceiros técnicos de elevada reputação.

Para além da nossa equipa de profissionais com mais de 50 anos de experiência acumulada em multinacionais de consultoria, colaboramos com uma vasta rede de especialistas reconhecidos nas diversas áreas de actuação, prestando um conjunto abrangente de serviços com foco nos mercados de língua portuguesa.





Contributing factors for the success of independent power producers of renewable energies

The vastness of Angolan territory hosts various natural conditions favorable to renewable energy production, whether wind or solar, being one of the countries with the most significant energy potential on the African continent.

If on the one hand, we have the supply, the same territorial vastness entails the necessity and demand with large regions where the national transmission network cannot reach and which would primarily benefit from distributed generation models powered by photovoltaic solar plants (individually or in hybrid models).

Despite this, the implementation of renewable energy projects in Angola is yet to take off. Why?

In the past, Angola has had only timid experiences with new renewable energies (such as “Solar Village” projects) and only more recently have utility-scale projects started such as Sun Africa's solar projects (370 MW) or projects promoted by oil companies ENI (25 MW) and Total (37 MW) in partnership with Sonangol. However, in the first example, the investment is made by the Government of Angola employing international credit lines. In the second case, the investment in renewable energy is part of a broader corporate strategy (and counterparts) that will allow oil companies to continue to exploit crude and gas in the country.

Added to this, fuel is still heavily subsidized, making self-production with diesel generators very cost-competitive and discouraging companies and individuals from abandoning this technology.

Figure: Cluster Advisory analysis based on Green Mini-Grids Africa Strategy, AfDB 2017 and IPP in Sub-saharan Africa – Lessons from Five Key Countries, World Bank Group 2016

Figure: Cluster Advisory analysis based on Green Mini-Grids Africa Strategy, AfDB 2017 and IPP in Sub-saharan Africa – Lessons from Five Key Countries, World Bank Group 2016

But if Angola wants to accelerate the energy transition in force as it is already seen in other countries, it needs to win over other investors (with private funding) and create the necessary conditions for the emergence of more independent power producers (IPPs), such as:

 

  • The effective implementation of the existing regulatory framework and liberalization of the Non-Binding Electrical System (“SENV”), facilitating bilateral contracts (corporate power-purchase agreements) between producers and large consumers of electricity

  • Clear and transparent tariff regime for open-access in the transmission and distribution networks

  • Financial guarantees and foreign exchange protection for payment of energy acquired by RNT E.P. in its role as Single Buyer of all electricity produced by IPPs that provide energy to the Public Electrical System (“SEP”)

  • Availability of Angolan banks to participate in investments by granting credit under project finance

  • Greater simplicity in the licensing process, using swift approvals, such as the creation of a "single window" for renewable energy

 

...renewable energies can be a development engine for Angola...

With the ideal conditions met, renewable energies can be a development engine for Angola by contributing to national electrification at low cost, particularly for isolated regions such as agricultural territories or mining areas of Lunda Norte, Lunda Sul, or Moxico.

by Ricardo Trindade, Senior Director at Cluster Advisory

 


Cluster Advisory is an independent strategic advisory firm that supports Angolan promoters in the development, structuring, and financing of renewable energy projects together with high-reputation technical partners.

 In addition to our team of professionals with more than 50 years of accumulated experience in multinational consulting companies, we collaborate with a vast network of recognized specialists in the various areas of action, providing a comprehensive set of services focused on Portuguese-speaking markets.

Ricardo