A Esperança no Corredor do Lobito

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A diversificação da economia angolana para além do sector petrolífero é um desafio geracional que Angola já enfrenta e que se acentua à medida que as economias mais desenvolvidas aceleram as suas iniciativas de transição energética, progressivamente libertas do crude e do gás.

 

O Corredor do Lobito (ou Corredor de Desenvolvimento do Lobito) representa uma das esperanças de Angola para se posicionar como um player relevante no comércio internacional do continente africano, recuperando aquele que outrora foi um dos trajectos ferroviários mais relevantes mundialmente. No tempo colonial belga e português, os Caminhos de Ferro de Benguela (CFB) eram o maior empregador angolano (cerca de 13.000 trabalhadores) e permitiam ligar os territórios do Copperbelt ao Porto do Lobito e daí aceder aos importantes mercados do Atlântico-Norte, quer europeus, quer do continente norte-americano. O projecto original atravessou ainda para lá da Zâmbia e República Democrática do Congo (RDC) e interligava o Lobito à cidade da Beira em Moçambique, uma verdadeira auto-estrada ferroviária.

Fonte: Africa Intelligence

Fonte: Africa Intelligence

 

É verdade que no passado se olhava para o Corredor do Lobito para servir o sector mineiro através do meio ferroviário e continua ainda a ser o factor que mais impulsiona a reabilitação das infra-estruturas – a utilização do Corredor do Lobito para exportação do cobre, cobalto e outros minerais irá reduzir significativamente os custos e tempos logísticos que hoje necessitam ser transportados num percurso atribulado por via rodoviária para o Porto de Dar es Salaam ou via África do Sul – mas hoje entende-se o Corredor do Lobito numa perspectiva muito mais alargada, multi-modal, combinando o transporte de mercadorias por via terreste (rodoviária e ferroviária), aérea e marítima e para servir o comércio internacional também como canal de importação para o hinterland angolano, aproveitando os novos acordos do comércio livre na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e ainda como facilitador do escoamento da produção agrícola de elevado potencial: provincias de Benguela, Huambo, Huíla e Bié.

 

Renovada a ferrovia, é agora necessário que Angola que se foque na melhoria das restantes condições que estimulem a utilização do Corredor do Lobito:

  • Fiabilidade no transporte ferroviário e operações portuárias (os processos de concessão em curso a entidades privadas têm associados investimentos relevantes e poderão trazer um maior grau autonomia na gestão destas infra-estruturas)

  • Rede de plataformas logísticas, não só nos limites dos CFB (Lobito e Luau), mas também ao longo do trajecto e interligadas com outros hubs logísticos nacionais, de forma a facilitar as operações de carga e descarga e armazenamento e conservação (incluindo rede de frio) de mercadorias

  • Harmonização das políticas transnacionais e simplificação dos procedimentos aduaneiros que permitam uma redução de lead-times e redução dos custos alfandegários para mercadorias em trânsito, assim como outros incentivos fiscais para a implantação de novas empresas ao longo do Corredor do Lobito

  • Coordenação política e modelo de governance efectivo que combine interesse de instituições públicas e agentes privados

  • Digitalização e modernização dos sistemas e práticas de gestão (eg. Janela Única Logística e Janela Única do Comércio Externo) e reforço das competências de recursos humanos

 

A Cluster Advisory está empenhada no sucesso do Corredor do Lobito e na criação (e retenção) de valor para a economia angolana, apoiando empresas e empreendedores em i) novos modelos de negócio; ii) processos de internacionalização e market-entry e iii) revisão de modelos da cadeia de abastecimento e redes logísticas.

A Cluster Advisory é uma empresa de assessoria estratégica independente, dedicada a apoiar as organizações nos desafios de top management.

Para além da nossa equipa de profissionais com mais de 50 anos de experiência acumulada em multinacionais de consultoria, colaboramos com uma vasta rede de especialistas reconhecidos nas diversas áreas de actuação, prestando um conjunto abrangente de serviços com foco nos mercados de língua portuguesa.


Hope in the Lobito Corridor

The diversification of the Angolan economy beyond the oil sector is a generational challenge that Angola already faces and is intensifying as the more developed economies accelerate their energy transition initiatives, progressively freed from crude oil and gas.

 

The Lobito Corridor (or Lobito Development Corridor) represents one of Angola's hopes to position itself as a relevant player in international trade on the African continent, recovering what was once one of the most relevant railway routes worldwide. In Belgian and Portuguese colonial times, the Benguela Railways (CFB) were the largest Angolan employer (about 13,000 workers) and allowed the Copperbelt territories to connect to the Port of Lobito and access to the critical markets of the North Atlantic, both European and the North American continents. The original project also crossed beyond Zambia and the Democratic Republic of the Congo (DRC) and connected Lobito to Beira's city in Mozambique, an actual “steel motorway”.

 

In the past, we looked at the Lobito Corridor to serve the mining sector through the railway network and it still remains the most driving factor for infrastructure rehabilitation - the use of the Lobito Corridor for the export of copper, cobalt, and other minerals will significantly reduce the costs and logistical times of the bumpy road to the Port of Dar es Salaam or via South Africa – but today, the Lobito Corridor is understood from a much broader, multi-modal perspective. Combining the transport of goods by road, air, rail and sea and to serve international trade as an import channel for the Angolan hinterland, taking advantage of the new free trade agreements in the Southern African Development Community (SADC) and the movement of goods from the agricultural regions with most potential: provinces of Benguela, Huambo, Huíla, and Bié.

 

Renewed the railway, it is now necessary that Angola focus on improving the other conditions that stimulate the use of the Lobito Corridor:

  • Reliability in rail transport and port operations (ongoing concession processes to private entities have associated relevant investments and may bring greater autonomy in the management of these infrastructures)

  • Network of logistics platforms, not only within the boundaries of CFB (Lobito and Luau) but also along the Lobito’s route and interconnected with other national logistics hubs, to facilitate loading and unloading and storage operations (including a cold-storage network) of goods

  • Harmonization of transnational policies and simplification of customs procedures that allow a reduction of lead-times   and reduction of tariffs for goods in transit, as well as other tax incentives for the establishment of new companies along the Lobito Corridor

  • Political coordination and effective governance model that combines the interest of public institutions and private actors

  • Digitization and modernization of systems and practices for managing and strengthening human resources skills

 

Cluster Advisory is committed to the success of the Lobito Corridor and the creation (and retention) of value for the Angolan economy, supporting companies and entrepreneurs in i) new business models; ii) internationalization and market-entry processes and iii) review of supply chain models and logistics networks.

 

Cluster Advisory is an independent strategic advisory company dedicated to assisting in conquering companies' top management challenges.

In addition to our team of professionals with over 50 years of accumulated experience in consulting multinationals, we collaborate with a vast network of recognized experts in various fields, providing a comprehensive set of services focused on the Portuguese-speaking markets.

Ricardo